Dicas para se prevenir das doenças típicas do outono

O outono chegou e com ele, os meses mais frios do ano. Nesse período, é comum as pessoas ficarem mais próximas e em lugares fechados, o que facilita a disseminação de algumas doenças transmitidas pelo ar.

Os problemas podem ocorrer em qualquer época do ano, mas as características do outono e do inverno são ideais para a ação dos vilões nessas estações. “A associação da diminuição da temperatura, da baixa umidade relativa do ar e do maior nível de poluição atmosférica aumentam os casos de doenças respiratórias infecciosas, inflamatórias e alérgicas”, diz José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).

Os problemas mais comuns são as infecções respiratórias. Entre as principais enfermidades do gênero estão a gripe e o resfriado, que costumam ser confundidas. A gripe é causada somente pelo vírus influenza, enquanto os resfriados, por muitos outros, como o rinovírus. “A gripe é mais grave. Além dos sintomas de resfriado, como coriza, mal-estar e dor no corpo, costuma dar febre alta e a pessoa fica de cama”, afirma o médico.

A gripe é altamente contagiosa e pode ser transmitida quando o doente tosse, fala ou espirra. Renato Kfouri, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), conta que um adulto pode passar a doença desde um dia antes de apresentar os sintomas até, geralmente, cinco dias depois. As crianças podem transmitir por mais tempo: de sete a dez dias.

Não há tratamento específico para os resfriados, apenas para a gripe. “Há uma medicação para o tratamento do influenza, só que é muito cara e deve ser aplicada nas primeiras 24 horas de infecção”, esclarece o presidente da SPPT. Por isso, os sintomas das duas patologias são amenizados com os populares antigripais.

O pediatra Kfouri alerta também para a possibilidade de infecções pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que costuma causar epidemias no outono e no inverno. Nos adultos, o micro-organismo normalmente desenvolve um quadro de resfriado comum. “É como se fosse uma bronquiolite (inflamação nos bronquíolos) e pode causar problemas graves em prematuros que nasceram com até sete meses de gestação e crianças menores de 2 anos que têm doenças cardíacas ou pulmonares”. A prevenção para esses casos é a administração de imunoglobulina anti-VSR.

Complicações

As infecções virais podem ser a porta de entrada para outras doenças mais graves, já que diminuem a imunidade e deixam o organismo debilitado. A pneumonia, causada por bactéria, é a grande preocupação. De acordo com o médico Cançado, é a principal causa de mortes no mundo em crianças abaixo de seis anos e o maior motivo de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.

O grupo que tem mais chances de desenvolver complicações é formado pelos extremos de idade (crianças e idosos), portadores de doenças crônicas, diabéticos, pacientes com insuficiência renal, gestantes, profissionais da saúde e pessoas HIV positivo.

Outras patologias que incomodam no período frio são otite, bronquite, asma, sinusite, rinite, conjuntivite. O rotavírus, responsável por casos de diarréia e que pode levar crianças à morte, também faz parte da lista. “Desde que a vacina foi introduzida, em 2006, diminuiu bastante a incidência. A transmissão é por contato com fezes e objetos contaminados”, informa Kfouri, da Sbim.

Para evitar problemas, procure um médico para detectar a doença exata e indicar o melhor tratamento. Não se automedique.

Prevenção

A melhor maneira de se proteger da gripe é a vacina, mesmo com as mutações que o influenza sofre. “Para fazer a vacina, estudamos as eventuais modificações do vírus. Depois de aplicada, leva cerca de um mês para ela fazer efeito”, explica o diretor da Sbim. Os médicos alertam que sua eficácia não é de 100%, mas que, no mínimo, a injeção garante sintomas mais amenos. A vacinação tem de ser anual, uma vez que o influenza sofre pequenas mutações todos os anos.

Há também a vacina antipneumocócica, que protege contra pneumonias, otites, meningites. “O bebê toma três doses, com dois, quatro e seis meses de vida. Depois, um reforço aos 15 meses”, diz o pediatra Kfouri.

Uma das formas de prevenir-se das doenças típicas das estações frias é evitar aglomerações e lugares pouco arejados. Também é importante deixar as janelas abertas para que a casa seja ventilada. “Isso principalmente quando há alguém doente no local. Se o ambiente é arejado, a troca de ar diminui a quantidade de vírus e bactérias”, explica o presidente da SPPT.

Cuidados extras

Segundo o médico Cançado, como o ressecamento das mucosas pode levar a inflamações e diminuir a produção de secreções (que contêm anticorpos), é importante ficar atento à hidratação. Portanto, beba bastante água (um adulto normal precisa, em média, de cerca de dois litros de líquido por dia). “Em dias de baixa umidade relativa do ar, coloque bacias com água em casa, principalmente quem tem alergias. Pode-se apostar no umidificador, mas por pouco tempo, já que o uso prolongado pode facilitar a proliferação de fungos e ácaros.”

Mantenha uma alimentação equilibrada e pratique exercícios. Mas lembre-se de colocar o corpo em ação fora dos horários de pico de poluição atmosférica. O ideal é se exercitar antes das 7h30 e depois das 20h.

Quem tem alergia deve procurar um médico para manter um tratamento preventivo. Entre as recomendações também estão deixar de lado carpetes, cortinas e bichos de pelúcia.

* Matéria publicada originalmente pelo Portal Terra